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18 de Abril de 2024

Ex-feirante supera pobreza e realiza sonho de ser delegado

há 9 anos

Crescido na Baixada Fluminense, em Mesquita, Edezio Ramos, 37 anos, nem sempre pensou no Direito para seu futuro. Quando mais jovem, desejava fazer faculdade de História, mas suas condições financeiras não possibilitaram a realização desse primeiro sonho. Mas, graças à ajuda de um primo, pôde iniciar sua trajetória de estudos em busca de uma melhor condição de vida. “Queria fazer História, mas era só pensamento. Não tinha dinheiro para a faculdade nem me imaginava numa faculdade. Meu pai é taxista e minha mãe, doméstica. Então, era um sonho distante. Essa é a verdade”, explica.

Ex-feirante supera pobreza e realiza sonho de ser delegado

Edezio já foi feirante e vendedor de pipoca. Devido à falta de oportunidade de ingressar no ensino superior, começou a estudar em 2001, com a ajuda financeira de um primo, em um curso especializado. Buscava um maior salário e estabilidade. Seu primeiro concurso foi para inspetor e escrivão da Polícia Civil. A partir dos primeiros momentos em sala de aula, se encantou com o Direito. “A primeira vez que eu ouvi falar do assunto, parecia que eu já tinha visto a matéria. Eu me apaixonei naquele momento, uma paixão arrebatadora. Eu já saí daquela aula sabendo que o que eu queria fazer era Direito.”

Para a conquista do sonho, o atual delegado empenhou todas as suas forças no estudo. “Fiz Degrau Cultural, Academia do Concurso e estudava em casa. Minha rotina de preparação era estudar enquanto eu estivesse acordado. Essa época da minha vida foi tudo ou nada, então todas as minhas fichas eram para aqueles cargos. Não podia dar errado, não tinha a opção de não passar.”

Ele lembra ainda do apoio da família, dizendo que precisou até se ausentar de eventos familiares importantes. “Na véspera da minha prova, foi o casamento de uma prima. A avaliação era no domingo, e a cerimônia aconteceu no sábado, e eu me lembro que não fui. A família toda foi, mas eu fiquei, porque tinha que me preparar, dormir cedo. Tive o apoio da família, dentro da possibilidade que ela tinha para me dar.”

Edezio Ramos conseguiu a aprovação no concurso para inspetor da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro e foi empossado em abril de 2002. Com alegria, conta que a aprovação para o cargo foi fundamental para o ingresso na carreira de Direito. “Quando passei no concurso, vi que era possível ser aprovado, independentemente da classe social que eu tinha. A partir desse momento, então, comecei a traçar um plano para me tornar delegado da Polícia Civil do Rio”, lembra.

A partir do momento que tomou a decisão de subir na carreira, Edezio, para concretizar seu sonho, decidiu ingressar na faculdade de Direito. Fez o curso durante cinco anos e, no fim de 2007, se formou. Logo no início de 2008, matriculou-se num curso preparatório para delegado. Fez também, durante aquele ano, especialização em Direito Penal e Criminal. Tornou-se, ainda, professor universitário. Ele lembra, com emoção, do momento. “Até então, na minha família, não tinha ninguém formado. O estudo rompeu um ciclo de pobreza que tinha na minha família.”

Caminhando em busca do sonho, prestou concurso em 2009, mas não obteve aprovação. Não desistiu e continuou a se empenhar mais ainda para obter a aprovação, que veio em 2012. “Quando passei como 10º colocado, quase morri! Já estava estudando há tanto tempo. Nesse meio tempo, me separei, então estudei muito, de verdade. Muito mais do que quando fiz concurso para a carreira de inspetor. Era um estudo mais sério, mas verticalizado e aprofundado.”

O delegado afirma que está muito feliz com o rumo que sua vida tomou, e que se sente satisfeito em perceber que o estudo lhe abriu caminhos para uma vida melhor. Sobre um possível novo concurso, ele afirma: “Passa pela minha cabeça. Não vou dizer que não faço mais nenhum concurso. Não posso dizer isso, eu ainda não defini. Nesse momento, estou muito feliz no cargo de delegado. Se eu decidir fazer concurso novamente, com certeza, vou me enveredar pelo caminho dos estudos. Mas hoje, estou muito satisfeito. Estou no ápice da carreira policial, delegado é o máximo atingido na instituição”.

Atualmente, Edezio exerce sua profissão no batalhão de polícia da Tijuca, no Rio de Janeiro. Também continua a dar aulas nas universidades Mackenzie, no Centro, e São José, em Realengo. Além disso, coordena cursos na Casa do Concurso, em Duque de Caxias. Em suas aulas, procura motivar os alunos, com a sua experiência de vida.

“O vencedor na questão do estudo é aquele indivíduo que possui resiliência. Isto é, ter capacidade de absorver as suas reprovações e as adversidades que vão acontecer ao longo de sua trajetória de estudos. As reprovações provavelmente acontecerão. Aí, o forte, o vencedor é aquele que vai administrar essas derrotas, aquele que é resiliente. Nessa minha trajetória, percebi, durante os anos estudando para delegado, que muitos amigos desistiram, ficaram pelo caminho. Ficaram para trás os que não souberam administrar a derrota. Administrando isso e seguindo em frente, o universo conspira para que se tenha o sucesso merecido”, enfatiza o delegado.

Fonte

www.qualconcurso.com.br

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21 Comentários

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Meritocracia. Uma palavra neoliberal. No Brasil, a meritocracia significa perca a sua saúde, para conseguir estudar. Pensar que a educação na França, no Canadá, na Inglaterra e na Suécia é gratuita a qualquer pessoa.

A meritocracia desses países representa a seguinte premissa: eu [Estado] darei condições de estudos, você [cidadão] é que se destacará. No Brasil: eu [Estado] farei de tudo para dificultar a sua vida, seja no trânsito, no piso salarial, nos tributos, para que sinta a vida amarga. Depois, eu [Estado] exaltarei sua força de vontade e mostrarei que apesar das dificuldades - impostas por mim -, você [cidadão] servirá como exemplo de meritocracia aos que se acham incapazes, ou que reclamam demais. E te exaltarei [cidadão] de forma que me promova [Estado] como sendo justo e democrático. continuar lendo

Esse comentário merece o Tocantins inteiro!! continuar lendo

Neoliberal? O que ideiais liberais têm a ver com o trágico estatismo brasileiro é uma relação que se desconhece. Quer dizer, você acerta o problema (o Estatismo), mas erra no culpado (o liberalismo?)... continuar lendo

Que exemplo! são noticias assim que nós leva a acreditar que é possível chegar a qualquer lugar, só precisa de estudo e disciplina. continuar lendo

São exemplos assim, que tem me motivado. Obrigado pelo artigo! continuar lendo

O colega merece todos os elogios, pela dedicação, foco. Mas o texto possui um grave erro quando diz "exerce sua profissão no batalhão de polícia da Tijuca", quando na verdade é delegacia da Tijuca - 19ª DP continuar lendo