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20 de Abril de 2024

Servidor do DF consegue licença de 180 dias após adotar crianças e caso vira exemplo

Decisão inédita de garantir licença adotante para pessoas do sexo masculino de união homoafetiva se transformou em modelo no GDF.

há 7 anos

Após travar uma batalha na Justiça contra o governo do Distrito Federal, um servidor público de Brasília conseguiu o direito de se afastar do trabalho por 180 dias após adotar duas crianças.


A decisão de garantir este período de licença adotante para pessoas do sexo masculino de união homoafetiva, até então inédita na capital, se transformou em parâmetro para outros órgãos da administração.

No início deste ano, depois de ter enfrentado diversos “obstáculos burocráticos” para realizar o sonho de ser pai, Alexandre Marques, de 40 anos, precisou encarar mais um entrave para conquistar os seis meses de afastamento. “A licença não é só direito meu, mas principalmente dos meus filhos”, disse o servidor em entrevista.

Professor da Secretaria de Educação e técnico na Secretaria de Saúde, Marques pediu nos dois órgãos a licença para ficar seis meses junto aos meninos, de 2 e 11 anos. Segundo o servidor, a Educação negou a solicitação, e a Saúde teria oferecido três meses.

A bagagem de conhecimentos adquirida no curso de direito – Marques também é advogado – permitiu que ele usasse um caso analisado no Supremo Tribunal Federal (STF), em que foi reconhecido que os prazos de licença adotante não podem ser inferiores aos da licença gestante, para lutar na Justiça pelos seis meses de dedicação exclusiva aos filhos.

“Mesmo com o entendimento do STF, durante o processo, um procurador do DF afirmou que a distinção entre filhos biológicos e por adoção preserva a família tradicional brasileira. Um verdadeiro teatro dos absurdos.”

Apesar da declaração do procurador, em abril, a magistrada Ana Maria Ferreira da Silva, do juizado especial da Fazenda Pública, determinou que o GDF prorrogasse o período de licença do servidor para seis meses.

Na decisão, a juíza se apoiou no entendimento do STF e disse que a licença adotante regulamentada pela Lei Complementar 769/2008 do DF contraria a Constituição Federal, “pois escalona a licença maternidade em decorrência da idade do adotante, bem como vai de encontro ao dispositivo que equipara expressamente os filhos biológicos e adotivos”.

Depois de análises internas controversas na Procuradoria Geral do DF, o órgão também deu um parecer, em 30 de março, que orientou a concessão dos 180 dias e aconselhou os órgãos administrativos a usar o caso de Marques como forma de recomendação para casos semelhantes.

Em nota enviada, a procuradoria apontou que “encontra-se em fase de estudos na Secretaria de Planejamento uma proposta de mudança nas normas de licença para adoção, que englobaria essas novas situações”. De acordo com o órgão, as secretarias de Saúde e Educação vão adotar o entendimento do parecer em novos casos.

Ao lados filhos

Desde que o período de licença começou, Marques passou a dedicar todos os minutos do dia para a criação das crianças. Ao longo desse período, os irmãos ensinaram ao pai de primeira viagem o que é acordar durante a madrugada para trocar fraldas, corrigir tarefas da escola e até dar broncas.

“Ninguém está preparado para ser pai. É no andar da carruagem que as abóboras se ajeitam.”

O garoto mais velho começou o primeiro dia na escola sem saber ler e escrever. Como um bom professor de português, Marques intensificou o processo de alfabetização do menino também em casa. Em apenas quatro meses, a criança já devorava livros infantis e exibia um boletim de "dar orgulho em qualquer pai". Hoje, ele sonha em estudar no Colégio Militar e, quem sabe, no futuro, seguir os caminhos de Marques na advocacia.

O servidor conta que a paternidade transformou a vida dele. “Me tornei um advogado e professor relapsos, mas me tornei pai e isso é incrível.” Ao lado do marido, Marques diz que o sonho de ter uma família se tornou real e pensa , nos próximos anos, em adotar uma menina.

Convivência

Desde a primeira vez que conheceram os meninos, Alexandre e o marido se preocuparam em tratar o tema da homosexualidade de forma franca. Ao ser questionado sobre a convivência com dois pais, o filho mais velho logo respondeu: “Como toda criança, tenho um pai que é mais rígido e outro que passa a mão na cabeça”.

Fonte: G1

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7 Comentários

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Duvido que, em sendo um empregado da iniciativa privada, procederia da mesma forma. continuar lendo

vc tem razão. Tem muita gente que acha que o dinheiro público não tem dono. continuar lendo

Entendo que se a pessoa que adotar, ela deve colocar na cabeça que somente ela é responsável por isso, não tendo o direito de "compartilhar" com ninguém os ônus desse ato. Já estou cansado de pagar tributos para vagabundos ficar vagabundenando e se posando de exemplos. continuar lendo

José, entendo seu ponto de vista, e até concordo com ele ,em algumas situaçoes. Mas neste caso especifico você, e o Cesar Tolentino também, poderiam tentar olhar por outro angulo esta situaçao: foram retiradas da "rua" (ou de algum orfanato, ou de alguma situaçao de abuso ou mal trato) duas crianças que poderiam se transformar em infratores e problemas para sociedade. E se isso acontecesse, e como acontece, porque nossa sociedade esta cheia de marginais e infratores, toda a sociedade pagaria (e paga) o preço, sem direito a qualquer opçao de escolha.

Nao me lembro em qual país da escandinávia, a licença maternidade é de 2 anos. E é lei, porque o Estado la entende a importancia para a criança ter os pais em casa, em tempo integral. E a sociedade por aquelas bandas, está mais equilibrada que a nossa. Nao digo que lá a sociedade é perfeita com zero indice de criminalidade, mas está bem mais solida que a nossa nesse quesito.

Nao quero criar polemicas, mas apenas tentar mostrar a mesma situaçao vista por outro angulo, por outros olhos e no mais, voce e o César (e faço parte dessa voz) estao totalmente certos quanto a pagar tributos para vagabundos ficarem vagabundeando e a sociedade (nós) pagarem. continuar lendo

Parabéns pela informação. Apesar da dificuldade deste pai ele conseguiu trazer um pouco de civilidade a este País.Precisamos muito chegar um pouco mais perto do que se pratica em países que se preocupam com o bem estar social onde medidas como esta são práticas corriqueiras para TODOS os cidadãos. continuar lendo

ele adota, a sociedade paga continuar lendo