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25 de Abril de 2024

Os desafios de quem precisa esconder tatuagens para não perder o emprego

Em locadora de veículos e rede de farmácias, funcionários se dizem obrigados a colar fitas e até colocar meia-calça no braço para esconder desenhos durante o horário de trabalho.

há 6 anos

Formado em Educação Física e com inglês fluente, Acácio Moreira, de 22 anos, ficou surpreso após receber a notícia de que não havia passado no processo seletivo para ser personal trainer em uma academia na avenida Paulista, em São Paulo.

Relato similar ao do médico da Força Aérea Brasileira Renan Pires Negrão dos Santos, de 35 anos, que diz que foi impedido de trabalhar na Polícia Militar de São Paulo em 2013 por um motivo que nada tinha a ver com seu currículo: uma tatuagem no braço.

"Eu passei na primeira fase do concurso, mas fui reprovado durante a inspeção de pele do exame médico. Quando eu levantei a mão, minha tatuagem foi vista e avaliada como irregular. Isso aconteceu porque ela estava numa área que poderia ser vista quando eu usasse o uniforme de treino, então, fui desclassificado", conta Santos.

Ele reconhece que o edital do concurso proibia tatuagens, mas discorda da regra. Mas afinal, candidatos tatuados podem prestar concurso?

"Desde que não sejam ofensivas, as tatuagens não podem ser fatores excludentes na minha área. Mesmo assim, até hoje eu sei que não posso escolher meus pacientes e, por isso, faço apenas tatuagens menos visíveis. Não vou fazer nenhuma no antebraço, por exemplo, mas se eu tivesse outra profissão seria diferente", diz.

Em algumas situações, as empresas não chegam a barrar os candidatos, mas pedem que a equipe esconda as tatuagens, às vezes até com fita adesiva. A reportagem conversou com funcionários de uma locadora de veículos e de uma rede de farmácias que diziam temer perder o emprego caso não seguissem as recomendações.

Mas será que as empresas podem proibir tatuagens no ambiente de trabalho?

O advogado e professor de gestão empresarial na PUC-SP Anis Kfouri diz que nenhum gestor pode obrigar seus funcionários a cobrir os desenhos e diz que os trabalhadores que se sentirem constrangidos podem processá-los. O trabalhador ainda pode pedir uma rescisão indireta do seu contrato de trabalho e ter todos os seus direitos e indenizações pagas, como se tivesse sido demitido, explica.

"É inconstitucional discriminar uma pessoa porque ela tem uma tatuagem. O funcionário pode pedir uma indenização por danos morais por estar sendo tolhido de sua liberdade, e há um precedente sobre isso importante do Supremo Tribunal Federal", acrescenta Kfouri.

Em agosto de 2016, o STF decidiu que nenhum candidato pode ser desclassificado de concurso público por ter tatuagem. Na época, o ministro Dias Toffoli mandou reintegrar ao processo de seleção um homem que concorria a uma vaga para soldado da Polícia Militar de São Paulo e havia sido eliminado por conta do desenho.

O candidato tinha passado na prova escrita do concurso, mas foi reprovado no exame de saúde por ter uma tatuagem na parte interna de seu bíceps direito. A justificativa era a de que o desenho ficava visível quando ele usava o uniforme de treinamento. Após a decisão da Justiça, ele concluiu o curso de formação em novembro de 2016, mesmo mês em que começou a trabalhar nas ruas.

O que diz a lei sobre tatuagens no trabalho?

Segundo o advogado e professor universitário Anis Kfouri, as empresas não podem exigir que seus funcionários cubram suas tatuagens ou deixem de exercer uma função por terem um desenho em seu corpo.

"O que o patrão pode fazer é estabelecer um traje, pode ser até de manga comprida, ou um penteado padrão para aeromoças e cozinheiras, por exemplo, mas não pedir para que escondam uma parte do corpo", explica.

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Fonte: G1

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Empresas podem proibir que seus empregados tenham barba, piercing ou tatuagem?

Wesley Stein, Estudante de Direito
Artigoshá 6 anos

Tatuagem no serviço

27 Comentários

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Se a empresa não aceita tatuagem não contratem funcionários com desenho de o funcionário fizer enquanto no emprego demita.
Se a pessoa opta por uma tatuagem que procure um emprego que aceite e, que pare de ficar com mimimi.
Afinal, por enquanto, ainda, somos livres neste país, ameaçado que esta em tornar se uma nova Venezuela. continuar lendo

Bom, dai é complicado, assim como aquele que escolhe fazer uma tatuagem, exteriorizando algum sentimento (pois toda tatuagem tem algum motivo ou significado) da mesma forma o local não deve ser obrigado a aceitar se vai de contra as políticas da empresa e a visão passada a seus clientes.

Eu como advogado não permitiria uma recepcionista atendendo meus clientes com tatuagens expostas, não passa seriedade e a primeira impressão é a que fica, isso é um fato, tudo tem sua hora e seu lugar.

Acredito que deve ter um meio termo, afinal a empresa também não tem de ser obrigada a engolir tudo. continuar lendo

Realmente, a recepcionista do advogado diz muito sobre o mesmo.
Uma profissional séria, ágil e eficaz, tatuada ou não, vai causar uma boa impressão nos clientes.

Para muitos clientes, vai passar ainda a impressão de que o nobre advogado conhece bem as leis e não discrimina seus colaboradores por qualquer desenho que ele (a) venha apresentar.

Um cliente tatuado, por sinal, vem a ser um bom ou um péssimo cliente? continuar lendo

Ser cliente e ser o profissional que presta um serviço são distintos, assim como x não é obrigado a fazer um bolo a um casal de gay por ir contra suas crenças (como aconteceu nos EUA), então um não prevalece sobre o outro, é questão de escolha de ambas as partes.

https://www.raciociniocristao.com.br/2015/08/confeitaria-recusa-fazer-bolo-gay/

É uma livre escolha de quem contrata, o inverso disso me soa muito parecido com "enfiar goela abaixo aos demais uma opção própria". continuar lendo

Se recusar a prestar um serviço devido à orientação sexual de alguém pode até ser ok nos EUA, mas por aqui isso daí enseja no mínimo danos morais... continuar lendo

Então Kadu, o que a princípio esta errado, pois assim como o direito de outro ser diferente e ter sua crença, nao pode "atropelar" as dos demais, um direito não pode ser absoluto e se sobrepor a outro.

Principalmente na prestação de serviços, tem muitos outro que aceitariam fazer o bolo, então não é normal querer obrigar o fulano a fazer o bolo, isso me soa muito como ditadura "Faça o que eu mando e não faça o que eu faço" continuar lendo

Realmente @davidfontana o que se preza em determinados locais de trabalho é a impressão de seriedade...
Infelizmente no Brasil a impressão é mais importante, por isso temos tantos profissionais em diversas áreas atendendo com a impressão de seriedade, mas um currículo que deixa a desejar. continuar lendo

Não podemos deixar o "politicamente correto" intervir no interesse privado desta forma, se é questão de seriedade ou competência a empresa deve fazer essa escolha de maneira que atenda sua políticas e não simplesmente ser obrigado ou apedrejada por não aceitar x ou y, é uma escolha privada. continuar lendo

Jose Roque Junior concordo plenamente com sua colocação continuar lendo

Concordo, David Fontana. O empresário, aquele que teve a ideia, investiu na empresa (dinheiro próprio ou crédito conseguido), correu o risco, corre o risco, é que tem q dizer o tipo de funcionário que quer na empresa dele. E se ele, por qq razão q seja, entender que tatuagens à mostra não é bom para o negócio dele, tem todo o direito de não contratar, ou demitir quem faça depois de contratado. Eu, no lugar de qq empresário, demitiria normalmente e pagaria todos os direitos para não entrar em embate, mas não manteria, se entendesse que não é adequado para o meu tipo de negócio. Afinal, quem entende do negócio, das necessidades, do tipo de imagem que quer passar, é o empregador. continuar lendo

Exatamente IsaBel, querer enfiar goela abaixo a vontade de um ou outro indivíduo ao empregador me assusta muito, pois é bem como disse, quem investiu, criou o negócio e gera empregos, ainda é obrigado a contratar X ou Y? Claro que não, é uma escolha privada, e bem como você disse no irretocável trecho: "Afinal, quem entende do negócio, das necessidades, do tipo de imagem que quer passar, é o empregador"

Ainda existe luz no fim do túnel, espero que o "politicamente correto" e minorias não passem a esmagar a razoabilidade, e principalmente, a VIDA E ESCOLHAS PRIVADAS.

Da mesma forma que alguém pode escolher em trabalhar na empresa X ou Y, o empregador pode escolher em manter/contratar o empregado A ou B, cada um ciente de suas escolhas. continuar lendo

David Fontana, eu tenho um desgosto com essa constituição q vc nem imagina. Foi até objeto de discussão com uma professora querida minha, em estruturas de mercado. Para mim, não há quem me convença q nossa CF é capitalista. É socialista. Como justificativa para dizerem que é capitalista, usam o artigo 1º e o 170. Temos direito à propriedade privada. Temos? Em um inciso nos dão e em outro nos tiram: desde q cumpra a função social. O q DIABOS é função social? Quem determina isso? O Estado. Se o Estado resolver mudar definição do q é função social, muda-se o direito à propriedade, pois ela não é tua, privada. Ela está atrelada à permissão do Estado. Mesma coisa com o empreendedorismo. Oras, um inciso diz que temos livre iniciativa, e outro, novamente, que devemos cumprir essa maldita função social. Caramba, ou temos livre iniciativa, ou não temos. Quando sou obrigada a contratar pessoas por meio de cotas, escolhidas pelo Estado, mesmo contra minha vontade, eu não tenho liberdade. Quando não posso decidir, junto aos contratados, as bases do nosso contrato, não tenho liberdade de contratar, diz q temos liberdade de expressão, mas existem diversos artigos que nos reprimem e nos censuram, assim sucessivamente. Isso q vc tem medo q percamos, já perdemos há tempos. Agora temos q recuperar: expurgar a esquerda de todos os poderes e fazer nova CF e novas leis, dando, realmente a tão sonhada liberdade capitalista. continuar lendo

@icsolimeo Bel,

Você falou tudo que eu penso também, realmente é socialista, faz com que a intervenção do Estado atrapalhe em todas as esferas privadas, realmente os investidores e quem tem ideias boas e funcionais muitas vezes saem do país para aplicarem fora (conheci vários da área das startups fazendo isso), não valorizam o que temos aqui.

Com certeza vejo as quotas como uma vergonha, hipocrisia, arrumam desculpas e índices ilógicos e sem qualquer cabimento, tornando uma nação desigual cada vez mais, disseminando ainda mais o preconceito, ao invés de realmente tratar o que a própria constituição diz (SEM DISTINÇÃO de COR, RAÇA, SEXO), como você mesmo disse, a constituição dá com uma mão e tira com a outra, ou suas inúmeras emendas e fora as interpretações "políticas" que se dá a ela, não estamos em uma democracia a muito tempo, desde muito tempo já distorceram esse conceito, um lugar onde obriga empresas de quotas por causa de cor, realmente já jogou fora a democracia.

Realmente precisamos acabar com esse governo podre que realmente como diz José Dirceu "tomar o poder" pois já estão a muito tempo e logo ninguém os tira mais, o partido que literalmente ameaça a cada dia a verdadeira democracia. continuar lendo

Na minha opinião, a empresa tem que deixar muito, mas muito claro o que faz ou não faz. Também tem que deixar claro que contrata ou não contrata. O que não concordo é a empresa fingir que faz um produto e serviço, e ai mudar de ideia na hora que alguém pedir algo. Também é fingir que aceita alguém com tatuagem, mas acha ruim ter a tatuagem.
Resolver conflitos com meio-termo, também na minha opinião, é somente quando eles são difíceis de resolver na hora que o problema esta acontecendo. MAS se é possível evitá-los, a melhor maneira é deixar muito claro o que se faz, não faz, o que se quer ou não quer. Fingir que faz pra dar uma de "legauzão" e depois colocar panos quentes pra desconversar algum tipo de linha de pensamento social é pedir pra ter problemas, que se assuma a responsabilidade oras. continuar lendo

Nossa perece muito assustador ouvir isso de um advogado. Tenho 5 tatuagens, 3 delas nos antebraços, e coleciono algumas promoções pelo mérito de meu profissionalismo. Acredito que meu trabalho inspira muita seriedade, pois caso contrário não estaria trabalhando. Achar que que tudo tem sua hora e lugar seria achar que pessoas tatuadas não merecem uma lugar ou respeito? continuar lendo

Muitos cadáveres são reconhecidos pelas tatuagens, principalmente marginais que não andam com documentos, facilitando bastante o trabalho da polícia, tornando nesses casos a tatuagem bem útil. continuar lendo

É sempre bom saber, mas mesmo assim eu não faria tatuagem em determinados locais, por preocupação com futuros empregos. Prefiro evitar a fadiga. continuar lendo